Entenda Melhor o Déficit de Atenção e Hiperatividade

Ana Claudia
16/03/2017

O que é Déficit de Atenção e Hiperatividade
Déficit Atenção e Hiperatividade é uma nomenclatura utilizada para referir crianças e adultos com problemas de atenção, superatividade, ansiedade, impulsividade, mau desempenho escolar, etc.
Mas assim como os demais problemas emocionais e de comportamento, não se trata de uma doença e sim de uma dificuldade na vida de relações com os outros, com as coisas, com o corpo, com o passado e com o futuro, como esclarece o Dr. Van Den Berg, em seu livro “O Paciente Psiquiátrico”.  Assim as determinantes das dificuldades que estiverem ocorrendo tem que ser encontradas na vida de relações interpessoais.

Quando a Hiperatividade da criança é um problema
Quando estamos falando de crianças, é importante lembrar que a hiperatividade ou bastante atividade, é característica própria da infância. Não há problemas nisso se esta disposição da criança for bem conduzida. Ter energia, pular, brincar, correr, é saúde. Uma criança hipoativa, que está no canto, quieta, sem disposição é que caracteriza um problema emocional, uma situação de saúde, etc.

A energia e a ansiedade são positivas. Mas esta energia da criança precisa ser extravasada, orientada, canalizada. E para isso os adultos precisam proporcionar que a criança brinque, faça esportes, seja colocada em movimento. Assim a criança gasta a sua energia e fica satisfeita, sem ansiedades, dorme bem e tem condições de ser direcionada a se concentrar quando o momento for de estudar, ou fazer atividades que requeiram atenção.

Quais situações podem provocar o Déficit de Atenção e Hiperatividade
Quando não é proporcionada a criança oportunidade de extravasar sua energia, ela passa a desenvolver problemas de concentração, de atenção e de comportamento. Aquelas crianças que não param quietas na sala de aula, que não prestam atenção no professor, que querem conversar e fazer brincadeiras com o amigo precisam ser observadas e ser identificado o que está acontecendo. Os pais e professores devem se questionar: a criança está tendo oportunidade de brincar quando está fora da escola? As vezes a criança apresenta este comportamento ansioso, disperso, prejudicado para o aprendizado, porque fica trancada dentro do apartamento, sem ter com quem brincar, fica sozinha e restringida a uma atividade individual e monótona: ver TV, mexer no computador, etc.

Assim a oportunidade que a criança tem para estar com outras crianças, para conversar, para brincar, é na escola. Então ela vai fazer isso! E ansiosa por brincar, vai dispersar, levantar da carteira, conversar com o amigo, etc. E em casa também vão surgir os problemas de comportamento, a criança vai virar cambalhota na mesa da sala, pular nos sofás, etc. Isso porque ela tem uma energia, uma saúde que tem que ser extravasada e isto vai ocorrer em algum lugar e de algum modo problemático se não ela não for envolvida em brincadeiras, em ir ao parque, correr, pular, nadar, jogar futebol, etc.

Quais situações podem ser confundidas com Déficit de Atenção e Hiperatividade
É importante lembrar que desde que as crianças são pequenas os adultos as estimulam para serem ativas, falar, olhar, caminhar, etc. E depois no meio do percurso quando algum tipo de comportamento ativo, trás desconforto para o adulto, se quer podar este processo, não porque haja algo de errado com a criança, e sim, muitas vezes, porque a criança ultrapassa os limites da capacidade dos pais, professores, etc., de acompanhá-las.  

Quando a situação é esta, usar medicação para a criança reduzir seu ritmo, é podar, mutilar, limitá-la naquilo que é a saúde de ser criança.  Esta alternativa é sem sentido, porque o que tem que ser feito é colocar a criança em movimento, em brincadeiras compartilhadas em atividades nas quais possa canalizar sua energia.  

Ambiente escolar e familiar e o Déficit de Atenção e Hiperatividade
Há outros fatores que também podem gerar este comportamento que vai ser classificado como Déficit de Atenção e Hiperatividade. Às vezes a aula é enfadonha, o professor não tem bom manejo de turma e o aluno não se concentra e vai fazer outra coisa em função disso. Se o professor trabalha adequadamente a motivação, a criança se concentra.  

Em determinadas outras circunstâncias, a criança pode estar num ambiente que não permita concentração. Por exemplo: ela está na sala de aula e do lado da rua tem um circo, impedindo que ela fique atenta ao que está acontecendo na sala de aula.  Outras vezes a criança é super estimulada, colocada diante de um monte de brinquedos e não é ensinada a brincar com eles, e ai fica ansiosa sem saber o que escolher, e dispersa sem saber com o que brincar primeiro, e fica numa brincadeira querendo estar noutra. É preciso compreender sobre o desenvolvimento infantil que assim como os demais comportamentos, a concentração se aprende desde a tenra infância, e a criança que não é ensinada a se concentrar numa brincadeira, num brinquedo a cada vez, fica ansiosa e dispersa.  

A criança, assim como todo o ser humano deseja fazer coisas prazerosas. Então basta proporcionar situações prazerosas para a criança, que assim ela se envolve, se concentra e sai da ansiedade e da insatisfação, seja ao brincar, ao estudar, ao estar em casa com a família. E ao ter as experiências prazerosas, vai repetir este movimento, porque quanto mais prazerosa for a situação, mais ela tem o desejo de repetir e mais se concentra.

Quando é necessário usar medicação para Déficit de Atenção e Hiperatividade
O uso de medicamentos raramente é necessário se o processo de aprendizagem da criança em casa e na escola é conduzido adequadamente. Somente em casos extremos é necessário medicar, e em geral em situações que a criança foi colocada em ansiedade e em que é preciso fazer o caminho de recuperação dos pais para a mudança de relação com a criança.

Muito tem se falado do uso indiscriminado de medicamentos para Déficit de Atenção e Hiperatividade, pois o que se constata é que em muitas situações a medicação é requisitada para evitar o trabalho das pessoas que lidam com as crianças: a babá que não quer atender; o professor que não cuida da aula, os pais que não querem ser exigidos no acompanhamento das brincadeiras dos filhos, etc.

A medicação, se utilizada sem critérios muito rigorosos e apenas em casos extremos, é um tratamento desnecessário e prejudicial para a criança. É na primeira, segunda infância e adolescência que a personalidade se constrói, e a medicalização vai trazer danos para a formação da personalidade.

E uma infância saudável e bem conduzida, permite uma vida adulta bem estruturada.

Problema de Déficit de Atenção e Hiperatividade na vida adulta
O adulto resulta das condições antropológicas e sociológicas que teve para a formação de sua personalidade na infância e adolescência. Assim se este adulto foi uma criança que passou por dificuldades de concentração, de limites e de aprendizagem, que geraram ansiedade, dispersão, etc., sofrerá na vida adulta as consequências destes equívocos, inconveniências e tropeços ocorridos durante seu desenvolvimento, se tornando um adulto com dificuldades de atenção, concentração e aprendizagem e por isso um adulto ansioso, inquieto, hiperativo, etc.

Utilização de medicação em adultos
Assim como na situação da criança, a situação do adulto precisa ser avaliada e verificada. Porém quando um adulto enfrentou problemas na estruturação de sua personalidade, passando por longos processos de tensão/ansiedade geralmente em curso desde as dificuldades da infância e adolescência, muitas vezes está com uma dificuldade emocional, que para ser recuperada precisa do apoio auxiliar da medicação, coadjuvante a intervenção psicoterapêutica.

Mas a medicação entra como uma bengala química transitória, apenas para dar condição à pessoa de fazer o caminho psicoterapêutico, localizar-se de seus padecimentos e superá-los. Assim como o antitérmico precisa ser utilizado em situações de febre, até que o profissional proceda à investigação e tratamento daquilo que está gerando a situação de saúde.

Quando procurar um profissional para avaliar uma situação de Déficit de Atenção e Hiperatividade
O Déficit de Atenção e Hiperatividade, assim como os demais padecimentos emocionais que existem, não se trata de doença no sentido orgânico simplesmente, relacionando-se a problemas nas relações interpessoais. Os medicamentos podem ser utilizados para minimizar os sintomas, sempre com acompanhamento médico, e a intervenção na personalidade ou na vida de relações interpessoais precisa ser feita por profissional da Psicologia.

O psicólogo tem por obrigação profissional conhecer da personalidade e das complicações psicológicas, desde seus sintomas e diagnóstico, até a gênese das mesmas, que estão conforme a Psicologia dos últimos 60 anos, identificadas como desdobrando das relações interpessoais, na infância e na adolescência ou mesmo no presente.

É nesta esfera que a psicoterapia precisa intervir, de modo a identificar o gatilho da complicação, e fazer a superação da mesma. Daí vem a necessidade do paciente procurar um profissional cientificamente capacitado para verificar e diagnosticar a situação da qual padece. E a intervenção com a metodologia científica da Psicologia Científica Existencialista, proporciona o diagnóstico, tratamento e recuperação dos pacientes, em intervenção interdisciplinar com a Medicina especialmente, para uma vida normal, quer dizer, com as emoções compatíveis com os episódios ocorridos na vida do paciente.

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